quinta-feira, 1 de novembro de 2012

A Inovação da Linguística

Até fins do século XVIII, os estudos linguísticos eram baseados na gramática greco-latina, que partia de princípios lógicos e através deles procurava deduzir os fatos de linguagem e estabelecer normas de comportamento linguístico. Pressuponha-se uma fixidez da língua; consequentemente as descrições gramáticas tinham um caráter essencialmente normativo e filosófico. No fim do século XIX e começo do século XX, embora dominasse o ponto de vista histórico-comparativo, alguns linguística já se preocupava com a ideia de que, ao lado de um estudo evolutivo da língua, deveria haver um estudo sincrônico ou descritivo. Mas quem rompeu com a visão historicista e atomista dos fatos linguísticos foi F. Saussure, ele foi o primeiro a definir com clareza, o objeto da linguística (língua). Ele considerava a linguagem um fenômeno unitário no qual os vários elementos se interrelacionam, o autor estabeleceu, do ponto de vista metodológico, dicotomias básicas (língua/ fala; sincronia / diacronia; sintagma / paradigma) em função das quais se criaram escolas e teorias mais recentes.

Para Saussure, a língua era um sistema de valores que se opõem uns aos outros e um conjunto de convenções necessárias adotadas por uma comunidade linguística para se comunicar , já a fala é a realização, por parte do indivíduo. E é portanto um ato individual e momentâneo. Apesar de reconhecer a interdependência entre a língua e fala, Saussure considerava como objeto da linguística a língua (por seu caráter homogêneo) procurando entendê-la e descrevê-la  de acordo com o ponto de vista de sua estrutura interna. Embora a linguística histórica do século XIX tenha reconhecido a especificidade dos estudos diacrônicos, Saussure foi o primeiro linguista a estabelecer uma distinção nítida entre sincronia e diacronia. Ele traçou dois eixos, um horizontal (A-B) e outro perpendicular (C-D) representando o primeiro, eixo das simultaneidades ( sincronia ) e o segundo, o eixo das sucessividades (diacronias). O eixo das simultaneidade representava relações entre fenômenos existentes, das quais se exclui toda a intervenção do tempo, já o eixo das sucessividades representa os fenômenos que foram se modificando numa sucessão no tempo.

As unidades linguísticas relacionam-se umas as outras de dois modos distintos. Por um lado, temos as relações sintagmáticas que ocorrem dentro do enunciado e que são diretamente observáveis decorrendo de um caráter  linear e temporal da linguagem humana. Por outro lado, temos as relações entre unidade capazes de figurar num  mesmo contexto e que, pelo menos nesse contexto se excluem mutuamente. No entanto, foi  a partir de Saussure, que os estudos linguísticos concentraram-se no estudo do mecanismo pelo qual uma dada língua funciona como meio de comunicação entre os seus falantes e na descrição da estrutura que a caracteriza.


                                                                                                 
                                                                                 
Fonte: Linguística Aplicativa: Morfologia/  Maria Cecilia Pérez de Souza, Ingedore Grunfeld Villaça                                                                                            

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